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7 de setembro. Dia da Independência

  • Foto do escritor: Grupo Servas
    Grupo Servas
  • 7 de set. de 2022
  • 4 min de leitura

Em 1970!


Quando eu era criança, nossa escola se preparava para o desfile do Dia da Independência, ensaiávamos, organizávamos roupas e saíamos pelas ruas da cidade com bandeiras e bambolês. Eu tinha tanto orgulho de ir à frente com a bandeira brasileira! Aquela infância de 1970 onde fazíamos fila para cantar o hino nacional, cheia de alegria passou; as gerações subsequentes não conseguiram lidar com isso com tanta fidelidade, a bandeira ficou surrada e foram guardadas por algum tempo em vários lugares.

Também nossa geração envolveu-se com tantas atividades e nos emprenhamos em sonhos ideológicos não tão patrióticos. Como uma bandeira que vai sendo desmasteada eu fui me decepcionando com a política e cansando de lutar pelas causas. Eu realmente guardei a bandeira em uma total impotência.



Ao nos aproximarmos deste 7 de setembro, estou pensando onde ficaram aquelas bandeiras esfarrapadas e puídas que deixaram alguns mastros vazios. Estou pensando nas razões pelas quais levamos a bandeira pelas ruas com humildade e honra e a esquecemos nos nossos armários e corações. Estou pensando no que a bandeira representa, os ideais de liberdade e justiça para todos, a ideia da nossa igualdade comum concedida a nós não por nossa sociedade, mas por nosso Criador. Esses ideais, por vezes, em nossa história, tornaram-se esfarrapados, colocando-nos na posição de levantar bandeiras que não têm mais nenhum significado.


Assistindo uma comemoração do dia 7 de setembro, hoje, morando em outro país, vendo as bandeiras erguidas em um verde e amarelo tão distante de mim, sinto que gostaria de resgatar aquele sentimento de criança e reparar meus idėais patriotas.

As injustiças deste século, as guerras, a desinformação, a ameaça de implantação de um sistema que contraria todos os princípios sagrados, se alinham com as injustiças do passado recente. Ambos permaneceram como representantes assombrosos de tantos outros momentos da história brasileira que não concordam com o que o cristianismo defende.


Atos de injustiça em nossa sociedade é como uma faca ferindo a bandeira, como um borrifo de sangue que mancha as cores verde/amarelo/azul e branca; de esperança, ordem e progresso. Bandeira abaixada, estrelas apagadas. Nossa liberdade cada dia mais sob ameaça.


Cada lembrança agora, cada protesto contra a injustiça é um ato de veneração dessas cores e estrelas. Se a bandeira trêmula como um símbolo da nossa nação, ela representa tanto a beleza quanto o quebrantamento. Ao celebrarmos a independência de nossa nação, precisamos de tradições, histórias e uma imaginação com bases em princípios que nos permita manter a beleza e o quebrantamento com esperança por quem ainda estamos nos tornando.


Para os cristãos, desespero e esperança, escravidão e liberdade, quebrantamento e beleza são tensões já conhecidas. Os registros evangélicos da ressurreição de Jesus nos convidam a prestar atenção aos lugares feridos, bem como à possibilidade de cura. Quando Jesus aparece a seus discípulos após sua crucificação e ressurreição, ele chama a atenção deles não apenas para seu eu encarnado, mas especificamente para seus lugares feridos: “Olhem para minhas mãos e meus pés!” (Lucas 24:39).





Ele não está simplesmente provando que não é um fantasma. É através da atenção às suas cicatrizes — os locais de ferimentos onde ele foi curado — que seus discípulos devem conhecer sua humanidade. Ele volta sua atenção para os lugares onde seu corpo foi quebrado e agora foi restaurado e até transformado. Ele volta a atenção deles para o mal que foi perdoado, mas não esquecido.


Lembrei o que li sobre Kintsukuroi, uma técnica de reparo tradicional japonesa que se traduz aproximadamente como "reparar com ouro". Copos, canecas, pratos e tigelas de cerâmica quebrados são colados de volta com uma mistura de cola especial e flocos de folha de ouro. Surgiu das cerimônias do chá japonesas que foram interrompidas por terremotos. Quando o chão se rompeu, a cerâmica requintada muitas vezes caiu no chão e quebrou. Os artesãos pegaram os pedaços quebrados e os colaram de volta com ouro. Não negaram a natureza fragmentada de sua prática artística. Em vez disso, eles juntaram os lugares quebrados com beleza.



Precisamos de práticas de reparação no nosso Brasil para trazer a beleza de nosso quebrantamento coletivo. Os cristãos têm a oportunidade de liderar este trabalho, pois — o trabalho de reparação — a que a Igreja é chamada: dinheiro, poder e verdade: os cristãos têm oportunidades de participar do trabalho de reparação de todas essas áreas de injustiça histórica, vivendo com generosidade, humildade e honestidade, tanto ao nível individual quanto coletivo.


Estou escrevendo este texto e organizando os pensamentos neste feriado de patriotismo e fogos de artifício, desfiles e festas, pensando em como podemos dizer a verdade? Como podemos manter a beleza dos ideais ao lado do quebrantamento da nossa história? Como podemos participar no trabalho de reparação?


Há muito o que fazer. Comecemos pela prática do lamento, confessar e vir diante de Deus em oração pelo nosso futuro e nossos governantes.

Podemos encontrar maneiras de retratar nossa história. Podemos resignificar nossos símbolos. Eu choro ao ver que bandeiras foram jogadas fora, queimadas, cortadas e pisoteadas. Lamento e peço perdão por mim e por você. Lhe convido para consertar essas bandeiras. Para fazer o trabalho de reparar o que foi quebrado sem tentar negar ou esconder o quebrantamento. Permitir que as estrelas brilhem e as bandeiras voltem erguidas aos seus mastros, em seu lugar de honra. Com esperança e fé na promessa de possibilidade para o nosso futuro.


Imagino uma bandeira que resistiu à tempestades, que já foi manchada de sangue, sendo ignorada e esquecida por gerações. Neste 7 de setembro, eu ergo a bandeira novamente para que Deus a conceda dupla honra!


Quando participamos da obra de reparação das feridas da injustiça, participamos da ressurreição de Cristo. Recebemos a cura e o perdão que Deus oferece, tanto pessoal quanto coletivamente. Por sua graça, quando reconhecemos o quebrantamento e procuramos repará-lo, não vemos apenas a dor da injustiça. Também somos convidados para a beleza da cura. E então somos convidados a nos tornarmos agentes desse trabalho de cura.

Deus abençoe nosso Brasil e sare nossa terra. Que venha o avivamento.


Obs: fotos da internet, desconheço a fonte






2 Yorum


meyrydemeneses
08 Eyl 2022

Crendo em um novo tempo , de Deus pra a nossa nação.

Beğen
Grupo Servas
Grupo Servas
12 Eyl 2022
Şu kişiye cevap veriliyor:

Sim. Deus fará um avivamento

Beğen

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